terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Álbum de Família (John Wells, 2013)


Sabe aquele ditado “mãe é tudo igual, só muda de endereço?”, após assistir o filme ‘Álbum de Família’ (August: Osage County), é possível perceber que isso pode se estender também à família.
O longa, que é baseado na peça de teatro vencedora do Pullitzer de Tracy Letts, e dirigido por John Wells, apresenta a história de uma típica família americana de classe média, que vive no meio-oeste dos EUA. Após o pai desaparecer misteriosamente, os membros acabam se reunindo novamente na casa onde ele vive com a matriarca, Violet, interpretada por Meryl Streep, e é neste lugar que a trama se desenvolve. Onde traumas, amarguras e feridas do passado vem à tona, rendendo um roteiro identificável, regado à diálogos deliciosos, pertinentes e honestos, dispensando o cinismo típico de autorretratos americanos.
 O humor e o drama são dosados incrivelmente bem aqui. Não existem cenas apenas dramáticas ou extremamente cômicas, o trágico e o engraçado se confundem, fazendo com que o espectador ao mesmo tempo que se encontre aflito, não consiga conter a risada, culpa do excelente texto adaptado pelo próprio Tracy Letts e através do perfeito timing do elenco.
Julia Roberts, apresenta aqui, sua melhor atuação em anos, transmitindo apenas com o olhar, as angústias de sua personagem que sente o peso dessa família nas costas. Streep rende grandes momentos no filme, porém possui uma performance um tanto quanto over para uma personagem que por si só já é visceral e necessitava de um pouco de sutileza. Margo Martindale interpreta muito bem a típica tia engraçada e com forte presença, mas a personagem acaba se apagando no decorrer da trama. Juliette Lewis faz de sua personagem uma caricatura e Ewan McGregor passa despercebido. Os grandes destaques do elenco ficam por conta de Julianne Nicholson e Chris Cooper, que apesar dos papéis pequenos, arrebentam quando estão no olho do furacão.
A direção de John Wells é simplória, não possui presença, e acaba sendo ofuscada pelas performances e pelo roteiro, mas não compromete o resultado final. A fotografia do brasileiro Adriano Goldman cria uma ótima atmosfera, fazendo daquela casa mais do que um cenário, um membro da família.
Vale a pena conferir esse trabalho, onde talvez você possa enxergar ali um pouco da sua própria família.

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