domingo, 25 de agosto de 2013

Pink Flamingos (1972) - Direção: John Waters


Pink Flamingos é um filme que poucos conhecem. Ele foi lançado em 1972 pelo diretor John Waters no circuito underground. Um filme feito com baixíssimo orçamento que conta a história da Drag Queen Divine conhecida como a pessoa mais asquerosa do mundo. Ela mora em um trailler com seu filho, uma companheira de viagem e a mãe deficiente. 
Divine e sua família entram em uma competição insana com outro casal para serem as pessoas mais asquerosas do mundo. Dentre as cenas bizarras esta a mais famosa de todas, Divine comendo fezes de cachorro, cena de incesto, sexo com uma galinha no meio e o nu frontal de um ator incluindo o close do ânus dele. 
O filme causa repulsa até hoje. E por incrível que pareça tornou-se um cult, pois os jovens da época consideraram que ele estava tocando na ferida dos Estados Unidos. Seria um meio de criticar o sonho americano, a fama, e até mesmo a política. 
Bem, não posso dizer que meu estômago ficou tranquilo enquanto eu assistia Pink Flamingos. De fato é um filme bizarro e grotesco. Mas alguns questionamentos me passaram pela mente enquanto eu o via, porque em algumas cenas, tive a impressão que não era bem questionar a sociedade o que John Waters queria, parecia que ele estava brincando de fazer cinema. Algo do tipo: "nós temos algum dinheiro, temos uma câmera, vamos pegar alguns desconhecidos, filmá-los e ver o que sai", tanto é que depois que o filme acaba tem uma entrevista com o diretor e ele diz claramente que muitas cenas ele não entendeu a razão. 
Sei que posso ser apedrejada por escrever isso, porque sei que muitas pessoas cultuam esse tipo de filme, mas eu não posso deixar de perguntar se é realmente preciso realizar uma obra desse nível para questionar os valores de uma sociedade. Qual é a interpretação que eu posso fazer quando vejo uma mulher sentada na calçada comendo bosta de cachorro? Diretores isso é mesmo necessário? 
Paralelamente, enquanto assistia Pink Flamingos me veio à mente Beleza Americana de Sam Mendes, que é um filme belíssimo, coloca em xeque o sonho americano, mas sem ser apelativo, pelo contrário, é bonito de se ver, é bonito de se ouvir, é bonito de sentir. A isto sim eu considero arte, que me perdoem os fãs de Pink Flamingos, mas devo lembrar que arte é algo totalmente subjetivo, e para mim, Pink Flamingos é um filme totalmente desnecessário. Não só pelas cenas de mau gosto, mas pela pobreza de roteiro, pela trilha sonora abominável. 
Pink Flamingos é uma lição magistral do puro mau gosto. Eu não consegui ver nenhum propósito político, ao contrário de Saló 120 dias de Sodoma do italiano Pasolini que é igualmente polêmico, mas este sim tem questões políticas e você sabe que cada cena colocada ali foi necessária. 
Não sou contra o choque. Sou contra o desnecessário, a perda de tempo. E Pink Flamingos é somente isso: uma total perda de tempo. 

Postado por Lidiana às 5/07/2013 11:27:00 AM 

http://lidianacinema.blogspot.com.br/2013/05/pink-flamingos-o-grotesco-para-cutucar.html

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