Se tem uma coisa que me gela a espinha num suspense ou horror, mais do que qualquer tentáculo, espírito ou serial killer sonhe atingir, é o poder da ignorância humana. Me aterroriza e revolta ver alguém fazer uma pessoa pagar, às vezes caro demais, por uma coisa com base em pré-julgamentos ou argumentos fracos em razão de uma noção rasteira ou submissão completa.
O filme Compliance (“Submissão”, em português), ainda não lançado no Brasil, é uma arrepiante ilustração disso. No suspense, inspirado em uma história real (acredite), uma funcionária de fast-food é acusada por um suposto policial, ao telefone, de roubar uma cliente. Entre revistas íntimas e acusações, a moça ingressa em um amargo pesadelo noite adentro. A história vai seguindo níveis tão absurdos e tão revoltantes que passou logo pela minha cabeça a hipótese de tudo aquilo ser uma metáfora maximizada da história verídica para mostrar os perigos da submissão. Triste engano: o caso real consegue ser até mais cruel
A encarnação destes perigos da ignorância surge na figura de Ann Dowd, atriz que interpreta a gerente do fast-food, em interpretação monstruosa (no melhor dos sentidos). Apavorada pelo medo da autoridade (o tal policial ao telefone) e um pouco envaidecida ao sentir-se superior à funcionária, sua personagem toma decisões cegas e medidas irracionais ao longo do caminho, entrando em uma linha tênue que a divide entre carrasco e vítima.
Seja como filme, ou aterradora história real, Compliance é um alerta e tanto.
Postado por Gabriel Billy em 25/03/2013
http://diasdecinefilia.tumblr.com/post/46290714133/compliance
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